Entre as
várias cidadezinhas em que vivi, existe uma em especial, que me acompanhava em
meus sonhos. Ás vezes em sonhos tinha a felicidade de estar lá, revendo e
matando a saudade daquele lugar, e de muitas de minhas amigas de infância. Uma das
melhores e injustiçadas fazes da minha vida.
Foi nessa
cidadezinha que realizei muitos dos sonhos da idade de uma pré-adolescência
feliz. Também foi lá que conheci um jovem que eu adorava, chegava a congelar na
presença dele, e não conseguia falar. Conservo no intimo o desejo de voltar lá
e reencontrar todos. Porém uma coisa estranha acontecia nos meus sonhos. Existia
entre todas, uma que eu sempre procurava
mas nunca encontrava, e isso sempre me frustrava.
Depois de
longos 30 anos tive a oportunidade, a honra e a alegria de voltar a rever a
cidade em meus sonhos eu amava tanto. Passei menos tempo que precisava e de que
queria. Na verdade eu precisava de muito mais tempo. E mais uma vez uma coisa
me chamou a atenção: apesar de tanta gente vir até mim e falar “cuidado, você pode
se decepcionar!”, “aquela cidade que você conheceu na infância não existe mais,
está tudo diferente” eu sentia certa tristeza ao ouvir esse tipo de comentário.
Mas não podia ser, em meus sonhos mesmo mudada a cidade continuava do mesmo
modo. É certo que, se em 30 anos não houvesse mudança, não valeria a pena
voltar.
Pois bem, ao
estar mais uma vez em terras que tanto quis, ao pisar naquele solo, sentir
aquele perfume tão peculiar, me senti mais uma vez como se estivesse sonhando. Seria
mesmo verdade?! Eu estava realmente lá?! Ou era apenas mais um sonho?
Fiquei emocionada,
senti uma alegria que, sinceramente, não sei explicar, não sabia se ria,
chorava, pulava, gritava, estava desnorteada. Até que em fim, estava de volta,
era verdade!
E agora, o quê
fazer? Por onde começar?
Sim, a
cidadezinha estava bem diferente, em 30
anos era de se esperar. Cresceu e percebi que eu estava em um ponto em que na
minha época não existia. Normal. Mas era com aquela cidade que eu sonhava há
tanto tempo.
Chegamos ao
final da tarde, quase noite, foi tudo tão mágico que nem mesmo que eu quisesse não
saberia explicar.
À noite,
depois de tudo já estar organizado na casa de meu irmão, onde havíamo-nos instalado,
convidei a todos para passear, conhecer e reconhecer o lugar. Voltei ao local
exato dos meus sonhos, fiz os mesmo percursos que sempre fazia, rua por rua. Fui
frente à casinha onde vivi, ela estava igualzinha à época em que sai. Só não me
lembrava que era tão pequena. Olhei tudo em volta e eu não sei o porquê meu coração
batia descompassadamente.
Encontramos algumas
senhoras de nossa época e ao estar na rua principal, que ficava a casa de meu
pai, onde brincávamos todos os dias, na infância, dei de cara com uma pessoa, a
amiga que em meus sonhos não encontrava. Ali estava ela, na minha frente,
sorrindo pra mim. Fui até ela emocionada, abracei-a carinhosamente e beijei seu
rosto, era verdade, não era mais sonho.
Ainda por
lá, junto com alguns familiares, conheci
um jovem muito bonito, inteligente, educado,
com uma alegria e um brilho indescritível,
adorei conhecê-lo.
E, apesar de
terem sido apenas dois dias, foi tempo suficiente para saber que preciso voltar
e passar mais tempo.
Descobrir qual
segredo existe naquele lugar. Que encanto é esse que me tira toda a atenção e
me faz pensar quase o tempo todo nesse lugar?! Rever todas as pessoas que não vi?
Isso é fato, mas não deve ser só isso,
tem algo a mais. Quando eu voltar irei descobrir.
Acredito plenamente nisso.
edilza leanndro.
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